Em memoria de mim



E, chegada a hora, pôs-se Jesus à mesa, e com ele os apóstolos. E disse-lhes: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta páscoa, antes da minha paixão; pois vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus. Então havendo recebido um cálice, e tendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; porque vos digo que desde agora não mais beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus. E tomando pão, e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto em meu sangue, que é derramado por vós. Lc 22,14-20

Em memória de mim, além de ser o titulo de um belo hino sacro é também uma das mais belas frases que Jesus disse. O que tem a citação do hino com o texto acima? Bem, tudo em comum. Ao ler esta passagem sinto em mim o calor e o memorial que Cristo queria deixar aos nossos corações. O pão e o vinho, a semelhança dada aos dois elementos com o sacrifício de Cristo não foi uma mera escolha, pois vendo o relato de Isaias 53 o servo sofredor, o significado dado a estes elementos se torna mais claro.

Ao partir o pão Jesus demonstrava que não seria nada fácil o caminho de nossa redenção.  Deus atreves de Isaias descreve bem isso, “5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados”. Agora vejo nitidamente a cena.

Cristo pega o pão e dando graças o parte, acho que isso foi uma eternidade, chega a ser uma cena em super câmera lenta. As fibras do pão sendo partidas em sua mão, se contorcendo se separando e deixando traumas na estrutura do pão que nunca mais seria o mesmo, mas para alimentar, dar vida, teria que ser partido.

O que vou dizer não consta no texto, mas de forma poética aqui eu tomo em meu pensamento a imagem de Jesus partindo o pão e vem em sua mente à cena de Isaias 53. Mais de forma resoluta Jesus diz: Isto é o meu corpo, que é dado por vós. Ao dar o pão, Jesus mostrou aos apóstolos que seu corpo havia de ser moído por todos os pecados, e que a dor e a agonia não iam leva-lo para longe deste destino.

Ele escolheu os cravos, ele aquentou a dor das chicotadas a dor dos espinhos e a truculência dos soldados romanos. Agora me vem à mente o filme de Mel Gibson “A paixão de Cristo”, a primeira vez que eu vi cai em prantos, não por achar que foi aquilo mesmo (acredito que foi bem mais que aquilo), mas por que até então, não tinha em minha mente algo que chegasse perto do que Jesus sofreu.

E certo que aquele pão que ele partiu nunca mais seria o mesmo e não voltaria a ser pão, Cristo o pão descido do céu também não, Cristo veio a ser o autor e consumador de nossa fé, pois o final de seu destino era a cruz onde outro elemento entra em cena, o vinho.

Semelhantemente, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto em meu sangue, que é derramado por vós. O sangue de Cristo mostrando a cruz, mostrando a graça de Deus, vem de imediato a cena mais cruenta do filme de Mel Gibson o momento das chicotadas em Jesus, a quantidade de sangue se vê chega a ser inapropriado para os espectadores, não é atoa que muitos aqui onde moro tiveram mal estar.

Mas o inapropriado, aos nossos olhos foi aceitável em certo modo a Deus, como diz o verso 10 do capítulo 53 de Isaias: Todavia, foi da vontade do Senhor esmagá-lo, fazendo-o enfermar; quando ele se puser como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias, e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos. No derramar de seu sangue se abriu um novo caminho, onde uma prostituta pega como isca para trair Jesus, mesmo usada, abusada e posta a frente da justiça, pode ir a Deus, onde um publicano é chamado pra ser um dos pais da igreja, um condenado da justiça, malfeitor ao ver este caminho teve ao reconhecer Jesus como Senhor acesso aos braços do pai.

Assim como a pascoa que lembrava o livramento que Deus dera ao povo Hebreu no Egito, a ceia com Jesus tinha um aspecto de nos lembrar de que foi ele quem deu a sua vida por nos. Engraçado que cansei de ouvir pessoas a falar que a ceia era pra os que estavam preparados ouvi muitas vezes a declaração de “Como vai seu cartão espiritual?” como se a ceia fosse para aqueles que já alcançaram por si só a pureza suficiente de se colocar diante de Deus sem Jesus.

Acredito que nem mesmo os apóstolos entenderam o significado das palavras de Jesus naquele momento, mesmo por que estavam embebidos ainda com os conceitos judaicos e toda bagagem tradicionalista de uma religião morta em si, que já havia se esquecido do significado da páscoa que, apontava para aquele momento que viviam com Jesus.

O sangue e o pão abriram um novo caminho, onde cegos, coxo e mancos até os presos por satanás, os opressos pela religiosidade arrependidos e libertos tem  acesso a mesa do senhor, se alguém, arrota ser digno não o julgo mas, acho bom considerar que  foi o corpo e o sangue de Jesus que foi moído e derramado, foi o sangue dele que nos trouxe paz e restauração e nada além do sangue de Jesus pode nos trazer justiça diante de Deus.

Seja Deus em tudo.

Silver James.

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