Raio X de um hipócrita religioso
10 maneiras de
identificar um fariseu
Por Zé Luís
No meio cristão é usual associarmos a hipocrisia
com o que chamamos “fariseu”, já que era Jesus quem denunciava-os publicamente
dessa forma, sem se importar com a influência política que esses líderes
religiosos da época tinham, a ponto de poderem conseguir penas capitais através
do Estado dominante - no caso, Roma – como a crucificação, por exemplo.
Fariseus tinham apoio público para seus atos, inquestionáveis, e exerciam a
posição mais poderosa deste mundo: ministravam diretamente ao Deus Altíssimo,
criador dos Universos.
Mas a pergunta que não quer calar é: você é um
fariseu? Tem tendências a isso? Será?
1. Boas
intenções originais justificando atos ruins
A seita dos fariseus surgiu em uma época anterior
ao nascimento de Cristo, na época dos Macabeus – vide livros apócrifos na
bíblia católica – quando a influência da religião helênica romana começava a
trazer elementos à religião judaica (como o uso de imagens representando
deuses) que descaracterizaram a Lei Mosaica, patrimônio nacional. Defender a manutenção
dos valores da Lei era, além de apologia religiosa, garantia de que o Judaísmo
não seria contaminado com abominações como a Idolatria.
Essa luta apologética pela preservação das
Escrituras foi o marco inicial do grupo. Não demorou muito para que essa seita,
que migrou para partido político, começasse a abandonar a força original, já
que a liderança era passada de pai para filho, e os mesmo nem sempre tinham a
mesma perseverança de seus antepassados, mas usando do prestígio do passado
para se manter a frente, no poder.
2. A
organização em nome de Deus é mais importante que Deus.
Jesus denunciou isso sistematicamente, não
respeitando líderes daquele grupo por serem gente bem colocada socialmente. O
mestre pedia contas a eles pelas responsabilidades que tinham em mãos,
questionando a postura egocêntrica quando usavam de suas posições para
beneficiar-se. O uso de retóricas religiosas para justificar atos perversos, e
a incorporação desses atos como regras a serem usadas em benefício próprio,
mesmo quando isso não é compatível com os preceitos no qual, originalmente, se
propôs quando ingressou na organização é tipicamente farisaica. A tradição de
um sistema, mesmo que claramente perverso, para um fariseu, é mais importante
do que a religião defende.
3. Não
existir policiamento para quem faz policiamento é uma benção
Um dos detalhes que mais aborreciam o Mestre era o
fato dos fariseus “aperfeiçoavam” cada vez mais as Leis e não às cumpriam.
Era comum entre os “rabinos” a discussão sobre
determinados pontos da lei, como por exemplo, o cumprimento do sábado sagrado:
Se um discípulo, quando questionado sobre quanto se pode caminhar em um Sabath
respondesse 10 quilômetros , e outro 2 quilômetros, aquele que deu uma margem
mais “dura” era tido como um bom discípulo, enquanto o que dava uma distância
menor era tido como “liberal”, um “abolicionista da Lei”. Jesus acusava-os de
inventar preceitos rígidos, fardos pesados, para cobrar dos outros o
cumprimento, mas nem de longe cumpriam. Uma regra mais justa é melhor elaborada
quando o próprio policiamento se policia. Isso pareceria muito mais com
misericórdia, sentir a dor alheia.
4. Inventar
regras para evitar debates:
A interpretação da Lei com textos fora de contexto
- assim como fazem com a Graça hoje – muitas vezes foi artifício montado para
evitar questionamentos de mentes mais ávidas. Jesus questionou essa postura e -
sendo conhecedor da Lei( que Ele mesmo criou) – não dava brecha para esse tipo
de invenção. O messias, não saindo do contexto e não estando atado a proteção
de nenhuma organização religiosa, explanava as reais razões e motivações que
originavam a criação da Lei. O Legalismo ainda hoje é uma forma eficaz de calar
bocas, embora não passe de falácia.
5. Máscaras
A aparência na vida de um fariseu é primordial.
Diferente de um político – que necessita da projeção para ganhar votos – o
religioso, que tinha seu cargo assegurado por ser de descendência, exige que os
lugares de honra, assim como exige que os que vivem a sua volta o tenham como
uma espécie de ser sagrado, o que Jesus nunca fez.
6. Em nome
da proteção da Lei, ele quebrará a Lei.
Está escrito “Não matarás”, “Não dará falso
testemunho”, mas para calar a boca de Deus, os fariseus ignoram fatos e quebram
o Mandamento, não explicitamente, mas com a desculpa de que, na verdade, estão
destruindo o inimigo da Lei. Pregadores da Justiça cometendo injustiças para
que a suposta Justiça prevaleça.
7. Fariseus
perdem o foco sempre que sua teologia é confrontada.
Kemuridama é um artificio ninja para escapar de
determinados confrontos, uma pequena explosão de fumaça que oculta a fuga do
guerreiro. Jesus – e mesmo o apóstolo Paulo – usou a “ressurreição” como
kemuridama quando estava entre fariseus e saduceus, grupos de pensamento
contrário sobre o assunto, deixando de ser o foco de ataque, deixando que se
engalfinhassem com suas infrutíferas discussões sobre o sexo dos anjos.
Paulo conhecia o artifício tão bem que alertou
contra ele, quando soube que havia alguns assumindo linhas “teológicas” de
Apolo, Pedro ou Paulo. “estaria Jesus dividido?”. Ainda pode-se ver hoje
discussões acaloradas sobre a compreensão adotada (vide Calvinismo x
Arminianismo).
8. Seguir a
Lei só quando é conveniente.
Por tradição, o filho do sacerdote do templo
deveria assumir o sacerdócio e cumprir toda a Lei. Na época de Jesus, o
sacerdote herdeiro não estava no templo, mas no deserto, não tinha vestes
sacerdotais, mas pele de camelo substitui a alimentação levítica por gafanhotos
e mel. João Batista era filho de Zacarias, mas quem estava no comando dos
“negócios” do templo era dois parentes, Anás e Caifás, genro e sogro. Se
houvesse zelo como defendiam aqueles fariseus, certamente não assumiriam a
posição que não lhes pertencia, nem quebraria a preciosa tradição, já que
existe apenas um sumo-sacerdote, e não dois, intercalando-se ano a ano. A
necessidade de projeção social fez com que fizessem vistas grossas àquela
situação óbvia, e ignorar a Lei aqui seria prejudicial.
Muitas igrejas mantêm regras obviamente erradas
para manter em beneficio aqueles que a criaram, apesar de serem nitidamente
injustas e incondizentes com o Cristianismo que buscam defender.
9. Por trás
da aura angelical, ira belicosa.
Todo fariseu posta certo ar de equilíbrio quase
zen-budista. Isso dá segurança aos que veem como referência espiritual. Isso é
uma arte Alguns exageram, ficam com trejeitos estranhos, esquisitices. Na
intimidade, são pessoas comuns, até agressivas, e algumas até perversas. Isso é
comum quando a necessidade da aparência suplanta a necessidade intima de
conversão.
10. Mentiras
em nome de Deus
Um fariseu conhece a Palavra, isso é fato.
Somando-se a sua aparência de legítima santidade e o reconhecimento público de
suas insígnias, uma mentira ou outra, usadas por “causa justa” jamais serão
questionadas. Quem, em sã consciência questionaria um servo de Deus e correr o
risco de ser fulminado pelos céus por petição desse servo?
Mentiras ajudam a manter o rebanho, reforçam
verdades universais com pequenas distorções benéficas aos cofres, colaborando
na manutenção e expansão do reino (com letra minúscula mesmo).
É a forma mais rápida de se atuar em nome de Deus
quando o Espírito não tem mais vez nas escolhas da comunidade.
Fonte: www.genizahvirtual.com
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